sábado, 15 de agosto de 2009

Seria isso confusão????

Algumas noites mal dormidas a mais pro meu currículo.
Às vezes dormir tem parecido muito difícil, e um sono reconfortante parece estar cada dia mais distante da realidade. As idéias não têm parado de me atormentar durante as longas madrugadas em claro.
De uma hora para a outra comecei a ser traído por meus próprios pensamentos, e já não tenho conseguido mais organizar-los de forma satisfatória. As coisas têm acontecido ao meu redor, e não tenho conseguido administrar exatamente como devo ou não agir.
Deixar as coisas acontecerem por si sós nunca foi muito o meu forte, sempre gostei de estar no comando ao menos da minha própria cabeça, mas confesso, tem sido meio difícil nos últimos dias.
Não sei se a falta de um lugar pra chamar de lar, se os conflitos pessoais, as perdas (que não tem sido poucas na ultima temporada), ou se a simples confusão em si.
Tenho esperado em vão que a vida fosse igual a um seriado de televisão, onde as coisas se resolvem por elas mesmas, de maneira rápida e de certa forma felizes no final dos últimos episódios.
Preciso começar a me entender, a decidir de forma simples e objetiva quais os novos caminhos a serem trilhados, antes que o caos recomece a me dominar mais constantemente.
Desta vez o paradigma é maior, a minha luta do século, EU versus EU MESMO.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Desafio | s. m. 1ª pess. sing. pres. ind. de desafiar

Desafio. Fico pensando no significado desta palavra algumas vezes.
Pico da Bandeira, ou The Pic Of The Flag, como brincamos durante a viagem. Uma promessa de uma viagem inesquecível, uma visão privilegiada de um fato corriqueiro, o nascer do Sol.
Parado dentro da minha própria cabeça, me pus a pensar sobre a viabilidade da subida.
Peso muito, mais a mochila, uns 3 litros de água, maquina fotográfica, filmadora, tripé, cobertor, agasalho, entre outros apetrechos e mais comida...
Passei a crer que não iria dar, mas resolvi ir assim mesmo.
O grupo inicial se divide em dois durante o primeiro trecho de subida, de 4,5 km. Sobrei para trás, pois fui ficando no meu ritmo. Alguns primos e o Marcelo me escoltaram, como disseram eles.
Éramos um grupo de cinco, em marcha lenta, e gastamos cerca de três horas para alcançarmos a área de camping, denominada Terreirão.
Passada uma hora da nossa chegada, o Sol já dava lugar a Lua, e a escuridão domina, e com ela o frio e o sereno.
Como faríamos o restante da subida às duas da manhã, fomos dormir por volta das oito da noite, mas com uma sensação de já ser mais de meia noite.
O frio vai apertando, o agasalho tornou-se insuficiente, e já não era possível encostar-se na barraca, devido à umidade.
Após algumas horas mal dormidas, descubro que ainda são onze e dez, e bate o desespero.
A cada minuto que se passa, parece que é reduzido mais um grau no termômetro.
Uma tentativa mal sucedida de dormir assentado, e resolvo me virar de lado, a fim de reduzir a área de contato com o chão, dobro o cobertor ao meio, e cubro exclusivamente as pernas, tentando mantê-las aquecidas.
A cabeça, envolta por duas toucas e o capuz da blusa, parecia estar descoberta.
Com muito custo, adormeci.
Lembro-me de escutar vozes por volta das duas da madrugada, pergunto ao Victor se já é hora, e ele confirma.
Já de pé, me equipo com uma pochete, câmera filmadora, e cantil. Coloco o resto de um pacote de jujubas no bolso da blusa.
A lanterna já batida precisa de uns trancos para funcionar, mas será útil.
Começamos a subida, ao longe não se avista muita coisa, a cerração é forte, e não temos idéia de onde fica realmente o cume. O sereno corrói a pele, e o frio volta a castigar novamente. O grupo novamente se divide em dois.
Devido à falta de ar, já estávamos a mais de 2000 metros, e ao chacoalhar das lanternas à minha frente começo a ter a sensação de náuseas.
A subida é forte, muitas vezes se faz necessário o uso das mãos como apoio, algumas paradas são necessárias, e outras vezes é preciso nosso batedor procurar novamente pela marcação da trilha.
O grupo da frente já não é visível, mas mantemos certa comunicação com um outro grupo que nos segue ao longe, por meio das lanternas.
Devido à fadiga passo a acreditar que não darei conta, minha mente começa a entrar em contradição com o corpo. Não posso decepcionar meus companheiros, que por vontade própria resolveram me acompanhar. Sinto-me como um peso, e o desanimo aumenta. O frio passa a castigar novamente, e começo a sentir espasmos musculares, começo a acreditar que posso ter um problema com o frio.
As quatro da manhã, sem ter mais noção alguma de onde é realmente o cume, sinto-me desesperado, e mau por imaginar que poderei privar meus primos e meu irmão da vista do Sol nascente.
Os minutos avançam rapidamente, e as paradas se tornam cada vez mais freqüentes, a subida já me lembra da longa escadaria subida por Froddo e Sam, na pequena trilha para Mordor.
Milagrosamente, as dez para as cinco, avistamos monumentos, e temos certeza de que o fim esta próximo.
Cinco e dez da manhã do dia vinte e oito de julho de dois mil e nove, alcançamos o topo do Pico da Bandeira, e podemos realmente apreciar a visão do nascer do Sol mais bonito que já vi na vida. As nuvens contornam os montes menores formando um mar de branco, rajado pelos raios rubros do Sol que vem subindo lentamente ao longe.
O inicio de uma caminhada de nove quilômetros, se iniciou com um passo, se eu não o tivesse dado, não teria a sensação de vitória, alcançada no topo, e não teria sido recompensado com a mais bela paisagem que já tive a oportunidade de ver na vida...
Desafio. É algo que nos torna homens, mulheres, e que nos mostra o quão vivos ainda estamos, apesar de todas as dificuldades a serem vencidas.